O século 21 trouxe inúmeras questões socioeconômicas para o centro dos debates do mundo corporativo, buscando levar a periferia para dentro dos grupos de alta liderança. Mas não parou por aí! Um dos grandes desafios desse novo mundo foi trazer a autoestima e autoconfiança para que as mulheres negras enxergassem suas referências dentro do setor e estimulá-las e ajudá-las a lutarem pelos seus sonhos, dentro e fora do empreendedorismo.
Pensando nisso, surgiu o Programa Firminas, desenvolvido pelo Instituto Anga, ONG do Grupo Anga&Din4mo, holding de serviços de implementação de cultura humanizada, capitalismo consciente e inclusão social. O objetivo é mostrar a estas mulheres como elas podem ser lideranças e transformarem a si mesmas, bem como a sociedade da qual fazem parte. “Nós fizemos esse programa para apresentar a elas uma trilha de aprendizados para enxergar a potência que existe nelas, em contato com pautas de inspiração, empoderamento, autoconhecimento e representatividade. Decidimos que, se investirmos em públicos minorizados, conseguiremos acelerar as transformações dentro das organizações e diminuir o GAP da desigualdade.”, afirma Augusto Júnior, diretor executivo do Instituto Anga.
São quatro públicos de atuação: novas lideranças (jovens universitárias), construtoras de futuro (empreendedoras), protetoras da rede (líderes de comunidades) e formadoras de futuro (comunidade acadêmica, científica e política). Para cada um há um obstáculo a ser superado, mas há uma dor em comum: a falta de apoio, à falta de referências negras, e tendo pouco ou nenhum tipo de incentivo. A primeira edição contou com 225 inscritas, com 100 mulheres convidadas para a turma 1 e agora o restante, participando da segunda edição. “O que nós buscamos é quebrar estereótipos, que elas possam se encontrar, se entender e se apropriarem das suas histórias, e entenderem como elas podem transformar a sociedade, traçando objetivos”, conclui Junior.
“O programa Firminas foi mais do que um desafio na minha carreira, foi um presente. Eu, mulher negra, ter a oportunidade de construir e liderar um projeto feito de mulheres negras para mulheres negras é um privilégio e um exercício constante de coerência, busca por aprimoramento e amor. Ver as turmas se formando, a comunidade se conectando e, principalmente, ver mulheres negras se desenvolvendo e percebendo seus potenciais de liderança, me faz acreditar que tudo vale a pena! Me faz me orgulhar de fazer parte disso. Os sonhos são muitos mas acredito que vamos alcançá-los, um por um! Ou melhor: uma por uma!”, conta Kamilly Oliveira, Gestora do Projeto.
Para Victória Santana, Trainee de Gestão Pública, que participou da primeira edição, o aprendizado que fica é a potência da força feminina e de mulheres com histórias parecidas com a sua. “O primeiro curso da minha vida que fiz apenas com mulheres negras (apesar de ser negra e viver na periferia), e ouvir cada relato me fez perceber que não estava sozinha no mundo, existia mesmo que em outro estado uma mulher que vivia assim como eu. Ouvindo os desabafos de alguém que está procurando o seu lugar, que procura um emprego, que procura seu propósito. Com o Firminas, pude encontrar um monte de garotas com sonhos lindos e vontade de fazer. Pude construir um projeto incrível com o objetivo de potencializar outras mulheres pretas a chegarem mais longe e se sentirem apoiadas também”, conta.
Elas também recebem apoio psicológico em uma sessão coletiva de 2h após os encontros ou ainda, individual, de acordo com a avaliação da profissional. Para os próximos passos, o Instituto pretende trazer novos debates, reformulações, e parcerias com empresas. “Para conseguirmos criar uma plataforma e ampliarmos o impacto, queremos, nos próximos anos, alcançar 100.000 mulheres até 2030, e para isso, estamos fazendo uma campanha de crowdfunding”, conta Júnior. O site da campanha para quem quiser contribuir é https://benfeitoria.com/firminas.