Como aplicar a ‘Ciência da Felicidade’ na prática

Você certamente já ouviu que pessoas felizes produzem mais, são mais ativas e realizadas. Entretanto, se por um lado sabemos a definição teórica de felicidade, alcançá-la, para muitos, não parece ser tarefa fácil.

Falar sobre como ser plenamente feliz pode ser uma utopia para alguns e até piegas para outros. Mas a verdade é que, hoje, já existem estudos que mostram que há, sim, uma ciência por trás da felicidade. Segundo o médico Marco Cantero, sócio fundador do Instituto Sua Melhor Performance (SMP), empresa especializada em Alta Performance Humana, a busca pela felicidade é o segundo maior dilema da Filosofia greco-romana, sendo superado apenas pelas questões que envolvem a vida e a morte. “Hoje, não há nada mais contemporâneo na Filosofia do que a Felicidade Estoica, ou seja, aquela que pode ser controlada e que nada tem a ver com essa felicidade enlatada que as redes sociais vendem como uma vida perfeita. Segundo a Filosofia Estoica, é possível alcançar a felicidade por meio de quatro pilares: ter controle das suas ações e, principalmente, reações; ser positivo; deixar de lado o que não tem como controlar e ser grato pelo que tem”, explica.

Um bom exemplo sobre como a felicidade é algo “palpável” é o Butão, país que criou o FIB (Felicidade Interna Bruta ou Gross National Happiness), em contraponto ao PIB, que é baseado nos bens e serviços finais produzidos por uma determinada região. “Analisando friamente, o Butão é um país pobre, com a maioria dos adultos analfabeta, com grandes barreiras geográficas e mais uma infinidade de situações que poderiam ser encaradas como problemas. Porém, eles escolheram valorizar a espiritualidade de seu povo e a preservação das tradições. Além disso, bens materiais e luxo não são valorizados por lá. E essa maneira de enxergar a vida é exatamente o que faz do país o com maior índice de felicidade do mundo”, exemplifica o engenheiro Carlos Ruggeri, também sócio fundador do Instituto SMP.

Felicidade na prática

Há alguns anos, se alguém comentasse que era possível ser feliz seguindo algumas regras e conceitos, facilmente seria enxergado como charlatão. Afinal, como ensinar a alguém algo que é tão pessoal e depende de fatores que muitas vezes não temos controle? Mas isso mudou!

Hoje, o tema felicidade vai além das consultas com psicólogos e do bate papo com amigos. Prova disso é que empresas de diversos segmentos começaram a contratar os chamados Chief Happiness Officer (CHOs), que são os gestores responsáveis por garantir o bem-estar dos funcionários dentro de uma organização. Além disso, faculdades estão colocando em suas grades de graduação a disciplina Felicidade. E até o Fórum Econômico Mundial tem abordado o assunto e o colocou em todos os eventos e na agenda 2030. “‘A ciência da felicidade’é o nome dado ao conhecimento que estimula a busca pelo bem-estar e felicidade, de forma aberta, franca e sem julgamentos. E há, sim, estratégias para essa conquista, incluindo escolhas, renúncias, saborear cada momento, além da gestão da ansiedade e do tempo”, analisa Marco.

A seguir, Marco e Carlos falam um pouco mais sobre os quatro pilares da felicidade e dão algumas dicas para que ela se torne um bem cada vez mais presente na vida das pessoas:

Autocontrole para controlar suas ações e reações – “Esse é um conceito muito antigo, que mais recentemente se tornou um dos fundamentos da Inteligência emocional. Autoconhecimento, compreensão das crenças, clareza de valores pessoais e empatia (de verdade) são o repertório para que cada um consiga, a seu modo, pensar três vezes antes de tomar decisões. Qualquer fato gera uma emoção em nós, com liberação imediata de neurotransmissores bioquímicos cerebrais, que ’empurram’ nossa área de decisão para a ação, seja ela qual for. Emoções como o medo, raiva, ciúme, inveja, insegurança, angústia e tristeza são perigosas sem o autocontrole, pois decisões intempestivas, violentas, de fuga ou de paralisia são comuns e totalmente improváveis indesejadas caso a pessoa tivesse pensado pense com equilíbrio na sua ação. E, para isso, a consciência é fundamental. Mas não são só as emoções ruins que geram problemas. Emoções como euforia, paixão e autoconfiança demais também costumam gerar confusões”;

Positividade para nortear a vida – “Visão positiva de futuro é o tema aqui. Se você consegue ver em cada fato o lado positivo e, a partir daí, construir sonhos, metas e conquistas, há a produção de dopamina, serotonina, endorfina e serotonina, que são hormônios e neurotransmissores que, cada um de um jeito, constroem a sensação de bem-estar. E se você se sente bem, realiza mais, constrói de fato. Lembre-se: o fato é um só, mas o que você conta para seu cérebro pode ter várias versões. E o cérebro acredita e sofre ou se alegra. Ou seja, o copo está sempre meio cheio, caberá à você definir como vai ‘enxergá-lo’ ”;

Gratidão pelos grandes e pequenos presentes de cada dia – 
“Quando você casa, nasce seu filho, completa 30 ou 40 anos, compra um imóvel, viaja para a Disney, começa em um emprego novo, vai no restaurante da moda, e realiza outras coisas que para você são grandiosas, essas  assim são motivos para a satisfação e felicidade. E o contrário também ocorre. Quando você se separa, morre alguém da família ou amigo, ou perde seu emprego, a tristeza é flagrante. Mas ouso dizer que a alegria desses momentos bons não é percebida com a grandeza merecida. Além disso, o que dizer dos dias comuns, que são a imensa maioria? Habitualmente, as pessoas passam o dia resolvendo problemas chatos até o final do dia, e se sentem aliviados pelo fim. Só que essa pessoa acordou viva; comeu de manhã, no almoço e ainda jantou; teve a oportunidade de ir trabalhar e realizar soluções para sua empresa e para os que dela precisam; foi levar e buscar seus filhos na escola; e depois, voltaram todos para casa, abrigados e hígidos saudáveis. Todos esses fatos são dignos de serem celebrados, estimulando a produção do neurotransmissores ‘do bem’. Mas, para isso acontecer, você precisa notar. Você precisa escolher notar que a vida está passando e deve experimentar você experimentando cada segundo de possibilidade. Ficar feliz no dia do nascimento do filho deve ser celebrado com a maior intensidade do mundo, mas levar o mesmo filho na escola não é pra menos! O garoto evoluiu, cresceu e está aprendendo. Mas se você não notar tudo de bom que acontece, esqueça: perdeu a chance de ouro do bem-estar”;

Sabedoria para saber o que não pode ser mudado – 
“Essa é a essência da Felicidade Estoica. Se você pode mudar uma relação pessoal, um processo de trabalho ou transformar um terreno em um jardim de flores, vá lá. Realize e saboreie. Mas se a política vai mal (e você já votou), o tempo está quente demais ou seu time de futebol está para ser rebaixado, pouco você tem o que fazer, certo? Então, não sofra! Se você entende que há algo para resolver, algum problema distante, e você acha que pode contribuir, estando alinhado aos seus valores e necessidades, siga em frente. Mas, na maioria das vezes, são fatos onde que você não tem nenhuma gestão. Escolha conhecer o fato, não seja omisso até. Mas, antes de tudo, escolha não sofrer, porque, sim, é uma escolha”;

Em tempo: apesar da Felicidade Estoica ser fundamentada em quatro pilares, a produtividade também é um fator importante quando se fala em felicidade. Afinal, ao nos sentirmos produtivos, temos prazer. Mas o que seria exatamente a produtividade? PRODUTIVIDADE.  Em tese, é uma palavra que teve origem nas áreas de produção das fábricas, vinculando recursos empregados com rentabilidade final. Mas na vida prática das pessoas, o termo indica o que fazemos com nosso tempo em relação a nossos objetivos e metas, se estamos caminhando para eles a cada dia ou estamos distraídos na vida. E um dos pilares da Psicologia Positiva difundida no final dos anos 90 por Martin Seligman é exatamente esse, pessoas se sentem melhores e mais felizes quando têm um senso de realização de algo, quando estão está no caminho das suas conquistas. Então, ser produtivo também é um dos caminhos para a felicidade.

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